DEZEMBRO 2024 A JUNHO 2025

Uma estrela no alto dos montes

Forte da Carvalha: guardião dos vales, sentinela da memória

Se há lugares onde a paisagem e a História se encontram, o Forte da Carvalha é certamente um deles. Erguido a 394 metros de altitude, num dos pontos mais altos do concelho de Arruda dos Vinhos, este monumento nacional oferece uma vista ampla sobre vales, caminhos e serras — tal como oferecia, há mais de dois séculos, aos soldados que aqui vigiavam os acessos à capital.

Faz parte da Primeira Linha de Defesa das Linhas de Torres — o sistema militar que em 1810 deteve a terceira Invasão Francesa — e integra um conjunto de fortificações vizinhas: o Forte do Cego, o Forte do Paço e o Moinho do Céu. Todos comunicavam entre si por sinais visuais, numa rede pensada ao milímetro por engenheiros militares britânicos e portugueses.

O plano do forte, que lembra uma estrela irregular, acompanha o relevo. Rodeado por um fosso seco e reforçado por uma paliçada, albergava até 400 soldados e quatro peças de artilharia — duas viradas a norte e duas a este.

No centro, o paiol guardava as munições. Ainda hoje é possível ver o sistema de drenagem, que impedia a acumulação de água no interior, e o través junto à entrada — uma elevação de terra e pedra que protegia os combatentes dos disparos inimigos.

Construído com terra e taipa, madeira e pedras do próprio terreno, o Forte da Carvalha está parcialmente restaurado e integrado num percurso pedonal. A zona envolvente foi requalificada com bancos, painéis informativos e um baloiço panorâmico que convida a contemplar o horizonte. Há também dois observatórios de paisagem — um voltado a oeste, outro a este — ligados por um caminho pedonal.

A poucos passos, há um parque de merendas com mesas à sombra, ideal para uma pausa em família. Aqui, a História não se lê apenas nos painéis — sente-se nos pés, no vento, no silêncio entre colinas. Visitar o Forte da Carvalha é percorrer um capítulo das Linhas de Torres, num lugar onde, do alto, o passado contempla o futuro.

Composto pelo Centro de Interpretação das Linhas de Torres e pelos fortes do Cego e da Carvalha, o Circuito de Arruda dos Vinhos integra o percurso da Rota Histórica das Linhas de Torres “Grandes Desfiladeiros”. O circuito congrega as potencialidades histórico-culturais e ambientais das Linhas de Torres com a gastronomia, os vinhos e a componente paisagística típicos do concelho, como meio de promoção e desenvolvimento turístico. 

   ARTIGO ANTERIOR
PRÓXIMO ARTIGO