JULHO A NOVEMBRO 2021

MONUMENTO ÀS LINHAS DE TORRES

No início de 2021, Sobral de Monte Agraço concretizou um desejo antigo: o de criar uma peça de arte que se tornasse numa merecida homenagem às Linhas de Torres Vedras e ao esforço heróico do povo e dos militares, portugueses e ingleses, na defesa da independência de Portugal, durante a terceira Invasão Francesa.

O desafio foi lançado ao escultor Rogério Timóteo, que criou um conjunto escultórico composto por 152 pilares, representando o total de fortes e redutos que integram o sistema defensivo erguido a norte de Lisboa para proteger a capital do ataque das tropas napoleónicas, em 1810. Segundo o autor da peça, "suspensos em alguns pilares estão fragmentos de um metal décor diferente que, observados de determinados ângulos, permitem visualizar a silhueta de um soldado de infantaria e de um canhão". O escultor explica também que, estando implantado no centro de uma rotunda, o conjunto escultórico tem as características necessárias para não prejudicar a visão dos automobilistas, uma vez que a configuração da peça permite que em qualquer local da via se consiga ver o outro lado da rotunda. "É nesta dualidade de observação pelos automobilistas que se desenvolve a dinâmica da peça com a sua ausência-presença, criando um aparente movimento com capacidade de constantemente renovar o olhar do observador".

A escultura está instalada na rotunda, à saída da autoestrada n.º 8 para Sobral de Monte Agraço, próximo da localidade de Sapataria, por ter sido este um local-chave durante a ocupação da primeira linha defensiva pelas tropas aliadas, durante o período de tempo em que foram assediadas pelo inimigo. 
Esta zona do terreno, protegida pela retaguarda do Forte do Alqueidão, permitiu a Wellington deslocar-se rapidamente entre dois pontos essenciais para a observação e envio de mensagens – a Central de Comunicações da Senhora do Socorro e o Posto de Comando do Forte do Alqueidão. Também William Beresford - Comandante do Exército Português - instalou o seu quartel-general em Casal Cochim, junto à rotunda onde agora se encontra a escultura. 
O local escolhido representa assim, simbolicamente, a estratégia defensiva pensada para as Linhas de Torres Vedras que se desenvolveu, aprofundou e reajustou neste espaço onde outrora coexistiram ambos os quartéis-generais, numa posição privilegiada do ponto de vista tático, logístico, geográfico e de vias de comunicação, que otimizavam a circulação de tropas, mensagens e despachos.

Não muito longe dali estavam ainda os quartéis-generais de La Romana e de Spencer, uma vez que no centro da Primeira Linha se concentravam todas as operações militares.

O notável trabalho realizado pelo escultor Rogério Timóteo tem, pela sua abordagem ao tema, uma forte componente criativa contemporânea, contribuindo para a promoção de um património histórico que faz parte da identidade de Portugal e da Europa - As Linhas de Torres Vedras. Frente a estas, um dos mais competentes comandantes franceses – André Massena - sofreu a sua primeira derrota, acabando por se retirar definitivamente de Portugal, em 1811, dando início ao princípio do fim das aspirações hegemónicas de Napoleão.

A partir daqui o visitante pode partir à descoberta de paisagens arrebatadoras, que só é possível avistar do cimo dos Fortes das Linhas de Torres. Sugerimos que inicie a sua viagem no Centro de Interpretação das Linhas de Torres, em Sobral de Monte Agraço, e de lá parta para conhecer os Fortes do Circuito de Visita do Alqueidão, passando pela Igreja de Santo Quintino – um e outro Monumentos Nacionais -, localizada numa área de terreno protegido pelas tropas aliadas, como posição avançada de observação. Se a sua curiosidade ainda se mantiver aguçada, aventure-se pelo Percurso Wellington, um dos seis percursos temáticos da Rota Histórica das Linhas de Torres.

Mais informação em:
www.cilt.pt
www.rhlt.pt
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