O humor não detrai nunca das questões que a obra, mais do que procurar resolver, tem o mérito de colocar.
Com texto de Ricardo Henriques e ilustrações de André Letria, “Jean, John e João” acrescenta à felizmente prolífica literatura existente sobre o tema da Guerra Peninsular uma muito bem-vinda irreverência artística e criativa. A componente histórica e ambição didática são notórias, mas há algo mais que faz desta obra um caso à parte. Dois séculos passados, os autores refletem – um escrevendo, o outro desenhando – sobre o que aconteceu e interrogam-se sobre se não poderia ter acontecido de outra forma. Sentiram-se, talvez, algo surpreendidos pelo que também aprenderam no processo. E quem ganha somos nós, porque o resultado do seu desassossego dificilmente poderia ter sido mais conseguido.
Na reflexão final com que nos brindam, e para a qual contaram com a participação de nada menos que o herói Hércules, “especialista em trabalhos impossíveis”, sugere-se que uma das vantagens da vitória aliada foi o ter-se conseguido “atrasar por dois séculos a abertura de croissanterias no país”. Alguns parágrafos antes, chamara-se a atenção para o absurdo em perdas humanas que o conflito causou.
“Jean, John e João” foi apoiado pela Rota Histórica das Linhas de Torres e está já disponível nas livrarias.
A IX edição do Mercado Oitocentista reservou uma viagem no tempo até ao Século XIX.
O Mercado Oitocentista pretende recriar um mercado e a vida quotidiana de uma pequena vila rural do séc. XIX, abordando histórias, temas e personagens habitualmente presentes há dois séculos naqueles locais e acontecimentos. Tendo como princípio a preservação e salvaguarda do património cultural local, “Arruda em 1824: Histórias de um Vale Encantado” foi o tema designado para esta edição.
Neste Mercado conta-se a História e contam-se histórias, tendo por base as crenças e tradições seculares que caracterizam a identidade popular arrudense no séc. XIX. Grupos de animadores locais representaram nas ruas do Mercado Oitocentista as vivências e acontecimentos marcantes na história do concelho.
Mais uma vez, o baile de boas-vindas aos forasteiros foi protagonizado pelo Rancho Folclórico Podas e Vindimas.
As lendas de Ana Loira e do Gigante, bem como as histórias de Napoleão Bonaparte e de D. Manuel I, foram dinamizadas pela companhia de teatro de marionetas Cabeças no Ar e Pés na Terra, que, juntamente com a Viagem no Tempo, no Pátio do Morgado, e a animação teatral Trupe de Cavalo de Pau, da Saga Stórica, fizeram da vila de Arruda dos Vinhos um popular ponto de encontro.
Os Contos no Morgado foram protagonizados pelos técnicos da Biblioteca Municipal Irene Lisboa, tendo o Setor do Turismo do Município de Arruda dos Vinhos mediado duas visitas guiadas à vila oitocentista, no sábado e domingo. A Oficina de Padrões decorreu nos dias 1 e 2 de junho, com a participação da Recreate.
Provaram-se deliciosas iguarias e a milagrosa Encharcada, com a participação dos Cabeças no Ar e Pés na Terra.
Várias foram as animações permanentes, como o Carrossel Artesanal, a Praça dos Artífices e a Máquina do Tempo, que são já marcas deste evento.
O Mercado Oitocentista promete regressar em 2025 para comemorar a sua X edição.